SABINO, UM JOGADOROlá, meu nome é Sabino Gerber. Estou aqui para contar a história da minha vida de jogador.
Eu cheguei num clube pequeno da sétima divisão, como juvenil com 15 anos de idade. Por conta da idade talvez, o dirigente me olhou de alto a baixo e percebeu que eu era ainda um jogador de técnica bem inferior. Meu atributo maior era 2 em Chute. Logo, os treinadores perceberam que o jeito era fazer de mim um atacante.
No dia seguinte, cheguei ao CT de manhãzinha para fazer uns testes e já pela tarde comecei a treinar Chute. Era muito difícil a jornada naquele clube sem muita estrutura. Eu treinava sem parar e foi só depois de muito tempo que consegui a minha décima bolinha em Chute; isso sem treinador me apoiando plenamente.
Naquele dia, sentei ao lado do gol para descansar. O dirigente do clube se aproximou com olhar de desconfiança e me pediu para que voltasse no dia seguinte bem mais cedo do que de costume para treinar. Respondi que já tinha 10 em Chute, mas ele retrucou, falando que um atacante não era formado só por esse atibuto. Então compareci no outro dia para treinar Controle de Bola. Meses se passaram de treinamento árduo, e então ganhei a minha sétima bolinha em Controle. No dia seguinte, o meu terror: já não conseguia treinar mais. O dirigente, como uma das poucas vezes, dirigiu-se a mim com um olhar de esperança e disse-me:
- Reze para que não esteja maximizado, meu bom garoto.
Um treinador foi enviado para me auxiliar nos treinamentos e com ele a notícia de que estava travado. Fui embora arrasado naquele dia, pensando o que seria de mim dali em diante. Comecei a treinar Velocidade desde o começo com o treinador, para não perder mais tempo. A temporada então acabara e eu estava com 4 nesse atributo quando me tornei profissional. Eu já me preparava emocionalmente para sair do clube, mas o dirigente disse que eu continuaria lá, por prazo indeterminado.
O tempo passava, e acabei maximizando com 9 em Velocidade. Estava feliz com minha habilidade, pois quando cheguei neste clube, os outros jogadores caçoavam de meus atributos. Mas eu era perseverante e queria um dia estar atuando entre os melhores clubes do Brasil. Também uma maximização precoce, que me deixou somente com 5 em Resistência. O treinador e o dirigente já nem falavam comigo, nem sequer olhavam para mim. O sonho deles estava acabado, e o meu também. Já estava com 21 anos, treinando Inteligência.
Depois de 9 em Velocidade, 5 em Resistência, 8 em Inteligência, 10 em Chute e 7 em Controle de bola, poderia agora atuar em clubes grandes e ser um artilheiro. Senti que no fundo o dirigente do meu clube-mãe gostava de mim; isso foi quando fui negociado com um clube de 4ª divisão.
Hoje, depois de ter passado por clubes da 2ª divisão, senti a dificuldade de ter pouca Resistência. Com 32 anos de idade, atuo num clube de 3ª divisão, e no final desta temporada vou me despedir dos gramados. Agora olho para trás e vejo que as broncas severas e treinamentos rigorosos dos treinadores que me formaram foram essenciais para a minha carreira. Consegui muitos títulos entre Copas Especiais e Ligas Oficiais em vários países e estou atualmente num clube brasileiro. Vou me aposentar com um salário de 28 mil reais. Me sinto realizado.
Por luime
Luíz Guilherme